Não se nasce sabendo. Tudo que sabemos, nossas habilidades e conhecimentos são adquiridos diante de teoria e, sobretudo, prática. A polêmica decisão do STF de derrubar a obrigatoriedade do diploma para exercício do jornalismo já está, há tempos, como tempestade em copo d’água. Tantas coisas a serem reivindicadas para o setor das comunicações, no entanto o tema se banaliza para uma luta livre entre o time dos diplomados versus não diplomados. Sindicatos defendem o diploma. Universidades também. O número de diplomados é maioria, suponho. A questão é simples: quais são as habilidades e funções de um jornalista?
Jor.na.lis.ta s2g. Pessoa que dirige ou redige um jornal² (1), ou que dele é colaboradora; periodista. ( Dicionário Aurélio)
Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de informações. Também define-se o Jornalismo como a prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais. Jornalismo é uma atividade de Comunicação. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo )
Voltemos ao raciocínio primário. O primeiro choro de um bebê, ao nascer, é instintivo e originado da necessidade de comunicação com o mundo. Aprende-se a falar, gesticular, e todas as ferramentas para desenvolvimento da vida social. Na escola, a educação básica é pautada nos conhecimentos lingüísticos e sociais. O primeiro emprego é aprendizado prático. Assim muitas coisas são aprendidas na prática – principalmente a Comunicação. A escola nos traz bases históricas, origens e desenvolvimento de técnicas para nos lapidar. Mas o conhecimento bruto está na vivência.
O jornalismo é mais do que escrever e pautar idéias a serem discutidas em sociedade. Ser jornalista está além de possuir um diploma e o status de 3° grau.
Claro que todos gostariam de atingir esse nível “superior”. Mas o jornalista está longe de ser superior. Diplomado ou não, ele deve estar perto do pensamento popular. Ele deve ouvir, conhecer e experimentar as necessidades da massa. Isso dá veracidade e credibilidade ao que está escrito. Para formar opinião, é preciso ser aceito pela sociedade – ser popular e estar entre os populares. Não existe qualquer glamour na profissão de jornalista.
O que existe é uma briga velada entre interesses de Universidades, Instituições de Ensino privadas e veículos de comunicação com vínculo político.
Toda pessoa é educada a vida toda para se comunicar. A diferença é que, para ser jornalista, é necessário abrir mão de ser notícia – pois trata-se de um trabalho dedicado ao outro e não a si mesmo.
A imagem romântica e boêmia do jornalismo, está se dissipando a cada vez que surgem essas “picuinhas” de classes. Aquele bom e velho jornalista, que dormia e comia pouco, tomava muito café nas redações e botecos da vida, freqüentador dos lugares mais ralés – onde gente simples come, bebe, joga conversa fora e fonte das melhores notícias – por onde anda? Os diplomados freqüentaram os botecos das faculdades em horário de aula e querem dar lição de moral??? Agora estão jogando baixo, dizendo que vão prestar concurso para juiz de direito ou para atuar como médicos sem diploma. Totalmente fora de questão. As Câmaras Municipais, Estaduais e Federais estão repletas de pessoas “pouco letradas”, mas responsáveis pelas Leis que organizam a sociedade. O país é presidido por aquele que , até hoje, é taxado pela falta de formação – mas foi diplomado Presidente da República por sua habilidade de comunicação e diplomacia.
Nos EUA, escolas incentivam atividades de jornalismo entre crianças e adolescentes através de jornais escolares e grêmios. Ali não existe a disciplina jornalismo nas escolas de educação fundamental ou média, mas os jovens compreendem através do jornalismo a importância da liberdade de expressão.
Particularmente, eu gostaria de ter um diploma, mas não tive condições para tê-lo, assim como muita gente boa, bons escritores e excelentes observadores do comportamento social não o tem. Vangloriem-se com seus diplomas, tenho inveja de vocês - apenas isso. Um diploma pode ser a realização de um sonho ou de uma vaidade, mas não se comunica por si só.
Para acalmar os incomodados, mais uma vez – acho que já é a 5ª ou 6ª – farei o ENEM... Fala-se tanto em acabar com “ensino enlatado” e “decoreba”, no entanto já há cursinhos preparatórios para o ENEM ( mas é outro assunto).
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