Ter curso técnico e bons conhecimentos, além de experiência numa determinada área não garante que você tenha emprego no seguimento. Por outro lado, não ter conhecimento e experiência não são características essenciais de um desempregado. O fato é que ainda nos dias atuais, as pessoas têm dificuldade na busca por trabalho. Papéis são trocados: capacitado faz mão-de-obra e o desqualificado faz o trabalho do qualificado (a preço de banana). Sim, a escola não nos educa para enfrentar o mercado de trabalho.
Na infância, a família ‘obriga’ a criança - que só pensa em brinquedos – a frequentar a escola. ‘Tem que estudar para ser alguém na vida, menino’. ‘Vá fazer o dever de casa, mocinha!’. ‘Quem não estuda vira peão-de-obra, garoto.’ Etc, etc, etc. São previsões embutidas em preconceitos, recebidas já na infância.
É inegável a importância da escola ao desenvolvimento intelectual e social do cidadão. Mas a personalidade e o caráter por trás da pessoa será fator determinante para seu sucesso profissional.
Sucesso profissional é conquistar o emprego com o cargo, salário e condições desejadas. Ainda mais. É estar feliz com suas escolhas e com seu meio de vida.
É possível conquistar sucesso por caminhos claros, que surgem de acordo com sua ‘sorte’ – conseqüência de atitudes positivas perante a vida e as pessoas. Os meios ‘obscuros’ também acontecem para aqueles que escolhem o ‘sucesso a qualquer preço’. Apenas questões de caráter e personalidade.
Porém, o sucesso não é muito bem compreendido se o limitamos ao bem e ao mal que aplicamos ou que nos é aplicado. A representação do sucesso é contornada pela liberdade individual e compreensão da dimensão que cada um se permite nela.
Você é capaz de desistir de um emprego aparentemente estável aos olhos alheios, onde estão perdidas sua liberdade e vitalidade?
E qual a sua capacidade de se abrir para outras coisas, novas funções e profissão?
Algumas vezes é preciso ficar um longo período em estado de ‘desemprego’ para transpor as barreiras do ego, extinguir o preconceito e superar o medo das coisas novas.
A autora deste texto é um exemplo de abertura de horizontes. Deu um ‘basta’ quando foi necessário, impedindo que a tristeza e a depressão tomassem conta de sua vida. Não era o trabalho em si, mas o ambiente que ficava a cada dia mais pesado e insuportável. Reconhecer fraquezas e compreender a capacidade de lidar com determinados tipos de relações foi fundamental. Algumas pessoas quiseram se aproveitar da situação e tirar vantagem. Foi alvo de críticas, gozações e insultos. Muito foi dito por terceiros e muito pouco por ela. Era o momento de entrar no casulo e ‘deixe que digam, que pensem, que falem’. O ‘estalo de abertura’ aconteceu após 29 meses sem trabalho formal e 10 meses sem receber salário, quando uma carta da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho (SERT) fez convite para um curso de ‘soldador’ na unidade do SENAI. A matrícula está feita, sem pensar muito. Motivações: 1)O piso salarial para soldador é de R$1474,00, mas as empresas pagam mais de R$1.500,00 por mês para quem tem qualificação. (Como radialista-repórter,e um diploma de radialista na parede, recebia R$600,00 para média de 15 horas trabalhadas diariamente, incluindo disponibilidade aos finais de semana e feriados); 2) Segundo reportagem publicada em 02/10/2003 pela revista Época (Edição n° 281), "Desemprego intelectual" afeta quatro em cada grupo de dez diplomados - dados apurados na ocasião mostram que 37% das pessoas com formação superior exercem profissões que não exigem curso universitário. Também mostra a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios: outros 3,7% da população com mais de 15 anos de estudo estão desempregados. A estimativa era de que pelo menos quatro em cada dez pessoas que investiram tempo, dinheiro e dedicação numa faculdade não aproveitam nada do conhecimento adquirido no mercado de trabalho.
Esta realidade não mudou até os dias de hoje. Também não é um problema único do Brasil. Em Portugal, por exemplo, são 38 mil diplomados sem emprego ( segundo publicado em 29 de julho de 2009 no jornal Correio da manhã e divulgado no site http://www.uma.pt/aauma/index.php?option=com_content&view=article&id=623:38-mil-diplomados-sem-trabalho&catid=72:informacoes)
O termo "desemprego intelectual”, de origem italiana, aplica-se aos profissionais com formação que se sentam nos bancos de praça devorando os classificados de jornal, ou aqueles que têm formação superior e não exercem a profissão de estudo, mas outra que exige menor escolaridade. Desta forma, engenheiros viram comerciantes, psicólogos ganham a vida vendendo bombons caseiros, arquitetos são taxistas, etc.
Claro que o desemprego dos menos capacitados é uma situação ainda mais grave, até porque não se encontram diplomados pedindo esmola em semáforos.
Pesquisa da Fundação Seade em parceria com o Dieese mostra que o desemprego nas seis regiões metropolitanas (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Ditrito Federal) ficou em 14,6% em julho de 2009 - menor nível para o período desde 1998. A pesquisa foi realizada nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal. O contingente de desempregados foi estimado em 2,933 milhões de pessoas. A taxa de desemprego medida pelo IBGE caiu para 8% em julho deste ano, ante 8,1% tanto em junho de 2009 quanto em julho de 2008.
Em 2002, o Brasil era vice-líder em número de desempregrados. 11,454 milhões de pessoas, ficando atrás apenas da Índia, que tem 41,344 milhões, segundo revela o estudo Globalização e Desemprego: Breve Balanço da Inserção Brasileira, feito pelo economista Márcio Pochmann (na época, o secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo. (Leia mais)
Além das mudanças econômicas e estruturais na sociedade, é preciso mudar a mente do trabalhador e do empregador - repleta de preconceitos e amarras.
Uma profissão é escolhida diante da idéia de realizações pessoais: investimentos intelectual, imobiliário, automobilístico, cultural, lazer e à conquista de uma família. Em outros termos: estabilidade econômica e social. Logo, é preciso entender que não somos amarrados ao emprego/profissão que escolhemos. Somos amarrados aos nossos desejos que são conseqüência daquela profissão/emprego. Trilhar outros caminhos não representa desistir de um desejo, mas abrir espaço para novos conceitos e informações que só nos enriquecem e nos acrescenta mais experiência.
Ciente disso, é compreensível que podemos mudar a qualquer momento. Eis a verdadeira liberdade.
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