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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Saúde: O fim do medo de ter medo

Muitas vezes o simples pensamento de entrar num avião ou passar ao lado de um abismo desencadeia emoções que fogem ao autocontrole. Taquicardia, sudorese, sensação de falta de ar, tremor, fraqueza nas pernas, ondas de frio ou de calor, tontura, sensação de ambiente estranho ou de não estar onde pensa que está, tontura, pressão na cabeça, assim como crises noturnas de acordar sobressaltado com o coração disparando e com sudorese intensa – uma lista de sintomas para detectar a síndrome do pânico. É muito comum o surgimento desses sintomas após uma experiência traumática na qual a pessoa se sentiu indefesa ou humilhada ou sem possibilidade de reação, por exemplo assalto, seqüestro, acidentes.

Estima-se que entre 2 e 5% da população mundial sofra com a doença, sendo as mulheres 2 à 3 vezes mais afetadas que os homens, principalmente no final da adolescência e por volta dos 30 anos de idade.
Sofrer de Pânico não tem nada a ver com personalidade forte ou fraca, com a pessoa ser ou não corajosa. As causas partem de questões psicológicas, físicas ou predisposição genética. Situações de stress ou de difícil solução ( profissional, afetiva, financeira, saúde, etc) são exemplos de causas psicológicas. Dentre as causas físicas estão as alterações no organismo provocadas por medicamentos, abuso de álcool ou drogas, doenças físicas.

A família sofre porque não consegue ajudar e porque vê a pessoa passar por cardiologistas, clínicos, neurologistas, gastroenterologistas, otorrinolaringologistas, etc., fazer exames, tomar calmantes, estimulantes e vitaminas sem melhora. A pressão aumenta quando familiares e amigos começam os “julgamentos” de que é "frescura", falta de força de vontade ou de coragem.

O transtorno se desenvolve após muitas crises, a pessoa pode não sentir mais os sintomas físicos mas continua com atitudes sem lógica, como por exemplo medo de dirigir (principalmente em congestionamentos, túneis ou estradas), de pegar ônibus, metrô, avião, de participar de reuniões, de viajar, de ficar sozinha ou de sair sozinha de casa, ou de escuridão, de ficar em lugares com muita gente como Shopping, cinema, restaurantes, filas, elevadores, ou então de lugares muito abertos e vazios. Às vezes aparece até mesmo medo de dormir, quando a pessoa teve crises noturnas, ou de se alimentar, quando teve sensações de engasgar.

“Os ataques de Síndrome do Pânico duram cerca de 20 à 30 minutos (raramente mais de 1 h), podendo ocorrer várias vezes ao dia”, diz o médico Dr. Alessandro Loiola, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL. O especialista alerta para o uso de cafeína, álcool, nicotina e outras substâncias com atividade sobre o sistema nervoso central que ajudam a desencadear ou potencializar as crises.

Um medo muito comum é o de "voltar a sentir medo". Algumas pessoas vão a um cinema, teatro ou restaurante e procuram sentar-se perto da saída, outras não trancam a porta quando vão ao banheiro, sempre para sair facilmente caso venham a passar mal. É comum a pessoa restringir sua vida ao mínimo, limitando estímulos para tentar "evitar que aquilo volte". Assim passa a evitar lugares e atividades como subir escadas, sair de casa, fazer esforço, privando-se muitas experiências, o que começa a comprometer a sua vida pessoal e profissional.

Diretrizes para o tratamento:
1 - Etapa Educativa: compreender o que é o Pânico, assumindo a atitude certa para lidar com a ansiedade e as crises; 2 - Auto-gerenciamento: desenvolvendo a capacidade de auto-regulação, ou seja aprendendo a influenciar seu estado emocional, regulando o nível de ansiedade, diminuindo assim o sentimento de vulnerabilidade e a incidência de novas crises; 3 - Modificar a relação com as sensações do próprio corpo; 4 - Desenvolver um "eu observador", permitindo diferenciar-se dos pensamentos ansiosos; 5 - Desenvolver a capacidade de regulação emocional através dos vínculos: é importante fortalecer a capacidade de se regular pelos vínculos, o que envolve desenvolver a capacidade de estabelecer e sustentar conexões profundas e vínculos de confiança; 6 - Elaborar outros processos psicológicos atuantes:mapear os fatores que estavam presentes quando a Síndrome do Pânico começou e que podem ter contribuído para surgimento das crises.

Horizonte da vida saudável
Não basta controlar as crises de pânico.Integrar as sensações e sentimentos que desencadeiam as crises contribui para superar o estado interno de desamparo.
A melhora surge quando a pessoa é capaz de sentir-se identificada com seu corpo e influenciar seus estados internos, sentindo-se conectada com os outros à sua volta, reconectando-se aos fatores que levaram ao transtorno e podendo lidar com eles de um modo mais satisfatório.
A superação da Síndrome do Pânico é, sem dúvida, uma grande oportunidade de crescimento pessoal, de uma retomada vital para o processo psicológico de vida de cada um.


Fontes:
http://www.psicoterapia.psc.br/scarpato/panico.html
http://www.mentalhelp.com/panico.htm
http://www.artigosinformativos.com.br/Como_entender_a_Sindrome_do_P%C3%A2nico-a1131056.html

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